Cuba põe Silvio Rodríguez e o filho Silvito em caminhos opostos

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Cantor ligado ao regime defende anistia aos presos pacíficos enquanto rapper prega fim do sistema comunista. O rapper cubano Silvito El Libre
Reprodução/Instagram/Silvito El Libre
Aliado do regime cubano, o cantor Silvio Rodríguez surpreendeu ao defender publicamente a libertação dos presos que não cometeram atos violentos durante os protestos que mobilizaram o país, no dia 11 de julho. Aos 74 anos, ele se disse preocupado com o vácuo entre a velha e a nova geração de artistas da ilha caribenha, após ter um encontro com o ator Yunior García Aguilera e a mulher Dayna Prieto.
“O mais doloroso foi escutar que eles, como geração, não se sentiam parte do processo cubano, mas de outra coisa. Eles explicaram seus argumentos, suas frustrações”, constatou o veterano trovador cubano em seu blog Segunda Cita.
Rodríguez tem em sua família o melhor exemplo desse descompasso geracional na ilha caribenha. Um de seus filhos, o rapper Silvito Liam Rodríguez Varona, conhecido pelo nome artístico de Silvito El Libre, acaba de lançar o rap “Pesadilla”(Pesadelo), que desafia o regime, defendendo o fim do sistema comunista.
Enquanto o pai tem trechos de suas canções frequentemente citadas pelo presidente Miguel Díaz-Canel, o filho, de 39 e radicado desde 2018 na Flórida, ataca o chefe do governo com seu rap. “Quanto mais será preciso aguentar, o dinheiro em Cuba é do sistema, ninguém quer falar nem tocar no assunto porque toda a gente sabe que o fogo queima.” O rapper é alinhado com o Movimento San Isidro, uma rede de artistas que prega mudanças na ilha. Seus principais líderes estão presos desde 11 de julho.
Detido no domingo dos protestos e libertado no dia seguinte, o ator García Aguilera pediu a Silvio Rodríguez que intercedesse em favor de todos os presos, mas o cantor defendeu a libertação apenas “dos pacíficos”. “Não sei quantos são agora, eles me dizem que há centenas.”
O pedido do cantor para uma anistia parcial recebeu críticas, como a que expressou a curadora de arte Anamely Ramos González pelo Twitter: “O que mais me apavora no episódio de Silvio é que, enquanto ele fica desapontado por nos sentirmos de fora, perdemos nossas vidas. Há centenas de inocentes presos!”
A atriz Olivia Manrufo manifestou descrença às propostas de Rodríguez, conhecido como a voz da Revolução, que agora pede mais pontes, mais diálogo e menos preconceitos como soluções para a crise: “Verdade? Silvio leva mais tempo do que Díaz-Canel sendo o rosto e a voz da ditadura”, tuitou.

Fonte: G1 Mundo