Suspense na escolha do sucessor de Angela Merkel

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Fragmentação torna resultado imprevisível e amplia o leque de alianças para compor futuro governo alemão Veja quem são os possíveis sucessores da chanceler alemã, Angela Merkel
Foi-se o tempo em que as eleições eram sinônimo de tédio na Alemanha. O fim da era Merkel pôs fim também à monotonia na hora do voto. Tão habituados ao modelo da estabilidade, os alemães se veem agora diante do cenário de incerteza e suspense motivado pelo leque de coalizões possíveis que deverão lançar o sucessor da chanceler federal ao comando da quarta economia do planeta.
Os três candidatos assumiram, mesmo que por um breve momento, a liderança desta campanha atípica. Na reta final, com 25% das intenções de voto, os social-democratas liderados pelo vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz, têm uma ligeira vantagem sobre os democratas-cristãos (23%), comandados por Armin Laschet, governador da Renânia do Norte-Vestfália. De acordo com a pesquisa Civey para a emissora ZDF, ambos estão empatados tecnicamente.
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O número de indecisos ainda é alto, mas sabe-se, por exemplo, que os alemães desejam que o futuro chanceler tenha um perfil parecido com o de Merkel. Após quatro mandatos, ela deixa o poder com 80% de popularidade, mas o fraco desempenho de seu candidato, empurrou a líder alemã de volta a um campo de batalha indesejado: os comícios eleitorais.
Nos últimos dias, a chanceler federal saiu em socorro do herdeiro, tentando convencer o eleitor de que Laschet é o mais eficaz para manter a solução de continuidade da coalizão conservadora CDU-CSU, no comando do país há 16 anos. Merkel apelou para os perigos de uma coalizão de esquerda envolvendo SPD, os Verdes e o partido A Esquerda. E resumiu: Laschet é sinônimo de estabilidade.
Mas o eleitor desconfia do candidato da chanceler. Ele perdeu pontos ao ser flagrado gargalhando enquanto o presidente Frank-Walter Steinmeier discursava em homenagem às vítimas das inundações de julho. Pediu desculpas e teve de ser amparado pela líder.
O pragmático Scholz, por sua vez, permitiu o renascimento do SPD após um longo hiato sem que o partido dominasse o cenário político. Annalena Baerbock, candidata dos Verdes, chegou a ameaçar os dois principais candidatos, mas acusações de plágio em um livro e equívocos em seu currículo ofuscaram o brilho inicial.
Nenhum dos partidos, portanto, saiu do patamar 25-27% das intenções de votos nas pesquisas, o que impõe outro dado novo e crucial às eleições: a composição de uma aliança entre três partidos, como o resultado mais evidente da fragmentação política. E isso deixa ainda mais indefinida a disputa.
Para começar, quem obtiver o maior número de votos neste domingo não será automaticamente alçado ao cargo de chanceler. No árduo caminho de negociações, será possível ao segundo colocado também conquistar o cargo.
Neste contexto, partidos menores, como Verdes, Liberal Democrata (FDP) e A Esquerda ganham relevância e terão papel decisivo para o bom desempenho do CDU-CSU ou do SPD na busca de alianças. São eles que, em última forma, proclamarão o vencedor deste domingo.

Fonte: G1 Mundo